segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um dia antes de você

Um dia antes de você eu conhecia o amor, um amor que absorvia, aprisionava, sufocava. Tinha muitas certezas, muitos principios, muitos valores, muitas amarras. Um dia antes de você sabia que embora fosse capaz de amar tanto, me faltava algo.
Naquele dia, em que "enlouquecemos", nos envolvemos, nos entregamos, juramos que aquilo nunca mais voltaria a acontecer. Mas esquecemos de levar em conta que aquele encontro rompia com tudo em que acreditávamos. Ali conheceríamos uma nova forma de amar, cheia de dúvidas, novos conceitos, novos valores, digerir tudo aquilo não foi fácil, nem rápido. Foi preciso muita sabedoria para aceitar a transformação. Naquele dia compreendi que me faltava você. Não sabia exatamente como, mas precisava de você na minha vida.


Passaram-se 20 anos, e a cada dia depois de você, eu agradeço a Deus por ter te colocado no meu caminho. E que todas as lições que apredemos juntos esses anos todos só nos fortaleceram e nos transformaram em pessoas melhores. Por que amar não é possuir, subjulgar. O amor é um sentimento ímpar que tudo transforma, inclusive nossos valores. O que construímos juntos durante esse período é o que temos de mais valioso. Os indivíduos que nos tornamos, o filho que educamos, os sonhos que ainda temos de realizar, o eu, o você, o nós dois. Sem certezas, sem amarras, seguimos "humanos gerúndios", vivendo, movendo, amando, odiando, transformando, lutando, acreditando, confiando, aprendendo, crescendo, seguindo... Sendo!

Essa é a nossa essencias. Obrigada por tudo.
Amutu, tatu.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Começar de novo. Meus últimos 4 anos e meus próximos 6 meses.


Os próximos 6 meses serão de transformação na minha vida. Estou no fim de uma etapa dura, mas profundamente compensadora. Após quase 4 anos estou nos últimos ajustes da minha tese doutoral.
Neste período passei por profundas transformações, físicas, emocionais, afetivas. Amadureci, envelheci, aprendi muitas coisas: a amar mais, tolerar mais, perdoar mais, a perder, a não ter, a lutar, perseverar, a nunca desistir. Aprendi a plantar, a colher, a me exercitar, a cuidar de mim. A me organizar, planejar, perseguir objetivos e metas. A conhecer o outro, observá-lo, intercambiar informações, pactuar e acima de tudo aceitar e respeitar as diferenças.
Mas como nem tudo é aprendizado, também sofrerei perdas, e como sou que nem peru, morro de véspera, já começo a inventariar minhas despedidas. Pessoas que conheci que de alguma maneira fizeram parte dessa trajetória e que já estou imaginando que uma vez acabada essa etapa, não nos veremos mais. Ainda bem que existe o Facebook para mantermos contato.

Setembro 2008, Sede da ONU, Calle San Daniel,4-3º1ª, Cerdanyola (Merdanyola, pros que pisaram em caca de cachorro como eu e 99% da população do pueblo), Jennifer y su Mamá (Peru), Gustavo(Dominicana), Lisa(Itália), Sultan(Turquia), Tufária(Moçambique), e outros tantos que de passagem deixaram seus rastros. Foi o ano mais duro, mas foi onde fiz bons amigos, pessoas queridas, aquelas que valem a pena, sabe? Na UNI: feliz Felipe Ugalde(Colômbia) tomamos todas. Ibiti(Brasil) tomamos quase todas e muitos outros mas essas não ficaram. Salamanca: Regina Clara(Brasil), Edurne(Bilbao), Letícia e Leo(Brasil) hoje são 3, ganhamos a Rafa de presente.


Abril 2009, Meridiana, 321-2º3ª, BCN. Viviana, esse presente eu ganhei ainda em Recife por telefone em 2003, mas só recebi em Barcelona no mesmo ano, vivemos um ano juntas, estudando, compartindo piso, viajando, causando transtorno a vizinha de baixo e torturando Annais (mas isso é uma outra história) . Passamos por muitas e boas, virou irmã caçula, porque né? Idade pra ser tua mãe eu não tenho. Mas desde 2003 temos participação ativa na vida uma da outra. Te amo!
Junho 2009, retorno para pesquisa em Recife. Kelvis Duran, Rodrigo Mel e Carlinha (Kitara) Nino Santos, Paulo Márcio, Michelle Melo(Forrozão Fetiche), Suingue do Amor, Lapada, Musa do Calypso, Chama do Brega, Labaredas, Só Brega...Muitos bailes de Brega, muitos, shows de Brega, mais de 120 questionário depois volto a Barcelona.

Setembro 2010, Carrera y Cândi, 31-1º3ª, BCN. No aeroporto, Vivi e Jose, deixei os dois morando juntos (acabam de se casar). Em casa, Edurne, outro presente, moramos juntas, fui ao País Basco conhecer sua linda família e seu lindo Abu(99). Felipe somos cuidadores um do outro (chegou bem? aplicou insulina?), Tufária e Yanick(não sei como escreve) nosso neguinho lindo, no meio da multidão encontro por acaso e revejo Jennifer y su Mamá, abraços de lembranças fortes de um tempo que não vai voltar. Lisa e Gustavo se foram. Ganhamos Yanuvis, cubana, figuraça. Primeiro dia lá em casa, coma alcoólico, chamamos o SAMU, a única certeza: era das nossas. No Trinunal, Nicolás Lorite, tutor, diretor de tese, corretor dos equívocos lingüísticos. Resultado: Sobresaliente. Qualificada!

Novembro 2010. Volto pra casa retomo a pesquisa, restavam as entrevistas em profundidade e escrever. Dedicação exclusiva. Sem bolsa de estudo, sem financiamento, sem trabalho, sem um pau pra dar num gato. Perrengue e dureza na ânsia de acabar. Por sorte existe um financiador que acreditou na causa e bancou. Ricardo meu marido e Rafael que também num período especial da sua vida, ano de vestibular, entrou no esquema franciscano. Sem luxo, sem supérfluo, juntando tudo até a última ponta para pagar as contas. Conseguimos. Estou acabando e voltarei em breve (fev-2012) a BCN para defender meu trabalho, ao qual me apeguei de um jeito que tenho pena de largá-lo. Gostaria de poder dar continuidade. Mas isso é outro capítulo, retomamos daqui 6 meses. Difícil mesmo vai ser me despedir das pessoas que posso nunca mais voltar a vê-las.

Comecei a arrumar minha mesa de trabalho, afinal só me faltam as correções, todo conteúdo já foi concluído, a tirar das malas as roupas de frio e lavar. A iniciar o projeto de volta. Quero retomar minha vida, vida normal. Trabalhar, pagar contas, tomar uma no finde com a família e os amigos. Viver!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Brega e os moralistas de plantão.

O Brega e os moralistas de plantão.


Aí vocês podem me perguntar: AINDA?
E eu respondo: Pois é, AINDA!
Quando comecei a estudar o Brega a primeira coisa que tive de enfrentar foi meu próprio preconceito. É, eu tive muito preconceito quanto ao tema, mas justamente pelo desafio que seria me aproximar de uma coisa que me causava certa repulsa assumi e encarei o desafio de peito aberto. Algo me dizia que o movimento era muito mais que música, era muito mais que o julgamento careta, preconceituoso e conservador dos letrados queria me fazer crer que era. Acertei em cheio.
http://www.youtube.com/watch?v=JA-nkYw62pA
O Brega na periferia de Recife é representação cultural, é identidade, é conceito, é troca simbólica, é simbiose. Os artistas são do povo, e o povo igualmente quer ser artista. E por que não? Por que a sociedade letrada e “culta” acha que só pode ser artistas quem cultua os clássicos? Clássicos se compram em bancas de revista. Mozart era popular, se vivo fosse tocaria Brega. Esse pensamento retrógrado, classicista, ambíguo, dicotômico e equivocado entre o valor do “culto” e do “popular”, o “hegemônico” e o “subalterno” o “centro” e a “periferia” está ultrapassado. O centro está morto, e são as periferias do mundo que movem nossa cultura, com seus hibridismos, ecumenismos, não somos puros, e o último que tentou convencer disso ainda mantém seguidores (eca!), você se julga puro?Reveja seus conceitos. Vamos respeitar os gostos, dar vozes. Quem somos nós para julgar o que é BOM? Quem conceitua o que é BOM? A questão do gosto é muito mais ampla do que muita gente pensa. Todos tem o direito de se expressar, independente de que maneira o faça. Os cordelistas não raro fazem rimas sem concordância, os mestres de maracatu cantam suas loas e muitas vezes “engolem” o “s” dos plurais, estão eles fazendo uma cultura menor por causa disso? Claro que não! Mas se um MC do Brega o fizer, é assassinato a língua? Devemos impedir que essas pessoas saiam por aí destruindo a “moral e os bons costumes” de nossas famílias? Porra é essa? MORAL? Cada um tem a sua.
Se você também acredita que foi o Brega que fundou a putaria na música brasileira, fecha esse link e vai estudar. Procura saber o que é Lundu, Maxixe, a música popular dos primórdios que assim como o Samba também foi descriminado pela sociedade “culta” diria mais,“hipócrita” adoro essa palavra, serve para muitas coisas. Mais putaria do que o Rei cantando que vai “cavalgar por toda noite” Rita Lee pedindo “me deixa de quatro no ato” Kleiton e Kledir “revirando os olhos no tapete, suspirando em falsete” e outras tantas. É tudo música de cama. Tanto quanto “Essa noite eu vou ser toda sua, toda nua, toda nua”.
http://www.youtube.com/watch?v=DkPRzG6KflI
Quanto as novinhas o que dizer delas? Apologia ao estupro? Pirou?
Quem nunca teve 15 anos e era doidinha para dar o “priquito”? Eu tive, você teve, se não deu, melhor pros seus pais que não tiveram que criar um neto, novinha. Mas o mundo ta aí pra gente ver, cheio de novinhas dando adoidado. Eu cantei "Eu fui dar, mamãe", mas não dei (Bom, depois eu dei e tenho dado, com muito gosto, obrigada!). Tá fingindo que não é contigo? Tenha seus filhos e segure eles. Duvido! Tenha seus filhos e eduque eles ensine como não fazer menino. Porque fazer, não precisa ensinar, eles aprendem rapidinho.
http://www.youtube.com/watch?v=hCXtLY6r4Rc
A sociedade á pra todos, não é só para alguns, os que se julgam superiores e capazes de mudar o mundo com palavras bonitas. Não necessitamos tanto de palavras bonitas, necessitamos de aceitação, se não somos capazes de aceitar e respeitar o outro como ele é seremos "bestas", e nunca pessoas melhores, veja bem, “melhor” não quer dizer “superior”. Somos indivíduos, livres para elegermos o que quisermos, somos distintos e graças a essa distinção de valores, cultura, gostos, possibilidades o mundo é tão interessante, vamos ser menos intolerantes, vamos respeitar as diferenças, vamos julgar menos e não querer tirar o espaço do outro, o mundo é grande e diverso, as possibilidades são muitas, deixemos em paz o Brega, ele é na dele, anárquico, subversivo, presente, não gosta desliga. Vai ser feliz, por que com certeza eles tão nem aí. Estão sendo felizes.
Pronto, falei!
Vou ali anarquizar e ser feliz. Nos vemos Por Aí.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vamos conhecer o mundo juntos baby, quero aprender com imenso, grande coração, meu amor, meu Negão!


Hoje faz 17 anos que entreguei ao mundo o melhor presente que Deus poderia ter me dado. Dei ao mundo meu filho, o Rafa, o Negão, o Bagage, a coisa mais linda e mais perfeita que tive a oportunidade de fazer em vida. Agradeço a Deus todos os dias por ele existir.

A coisa mais difícil de ser mãe, não é gerar, nem parir, nem amamentar, nem as noites mau dormidas ou não dormidas, a coisa mais difícil é entregar um filho ao mundo, a humanidade nem sempre é sábia, e muitas vezes é cruel, mas isso faz parte da vida. Sábios devem ser os pais, que na hora de entregar seus filhos ao mundo devem ensiná-los a ser acima de tudo justos, honestos, solidários, generosos. Educar não é permitir, é ensinar, mostrar os caminhos, deixar que caminhe com as próprias pernas, levando sobre elas todas as responsabilidades de seus próprios atos. Ensinar que existem o bem e o mal, e que nem sempre somos bons o suficiente, nem maus que não mereçamos uma nova oportunidade. Saber que fazer escolhas sempre acarretam perdas, optar por uma coisa é perder outra, é impossível ter tudo. Ensinar é fazê-lo crer que Deus está no OUTRO, em você em mim, no mendigo da esquina, na prostituta, está em todos nós, por isso nunca faça ao outro o que você não gostaria que fizessem com você, ame o outro, respeite o outro, no outro encontraremos caminhos, verdades, e paz, sabendo que para toda regra há exceções.

Ensine a sorrir, a chorar, a não ter vergonha de demonstrar sentimentos. Ensine que a melhor coisa que ele pode dar pro outro é amor, que amor é grátis, não se vende, não se troca, se conquista.

Por isso meu filho quero que você saiba que a melhor coisa que podemos te dedicar no dia de hoje é o imenso, enorme, desmedido amor que temos eu e seu pai por você. Lembre-se sempre, não somos perfeitos, nem vamos agradar a todos, nem Jesus o foi, mas podemos sempre buscar melhorar.

De sua mãe que tanto te ama, e por isso mesmo te cobra, reclama, briga, todo dia pelas mesmíssimas coisas, por que tu sabe, mãe é mãe e a tua, pro teu azar, mora no teu endereço. Bjs

Te amo, meu Coração de Melão


quarta-feira, 27 de julho de 2011

A matemática na vida, vai contando...


Todos sabem que eu não sou boa com números, não tem conversa conto nos dedos até tabuada de 5. Por isso não consigo me relacionar bem no espaço, no tempo, quando estou sem aliança não sei o que é esquerda nem direita. Mas fácil me guiar pelo lado de cá e lado de lá.
Quanto a isso já desencanei, segundo meu filho quando inventaram divisão e multiplicação com 2 dígitos me excluíram definitivamente da matemática.
Não sei calcular, nem dar troco, me confundo com relógio de ponteiros, sempre falta dinheiro em minhas contas quando deveria sobrar... E eu que não suporto contar agora passo meus dias contando. Atenção, calculadora na mão, valendo!
Conto gramas de carboidratos para saber quanto de insulina devo aplicar após as refeições: cada 15g de carbo = 1 unidade de insulina...
Conto o excesso de glicose para saber quanto de insulina devo aplicar pra chegar a 120, é complicado mas isso eu aprendi. Questão de sobrevivência!
Soma... divide... diminui...
Conto 3 séries de 15 repetições de cada exercício na academia. Eu sei contar até 15! A vezes me perco é verdade, não sei se fiz 2 ou 3 séries e por via das dúvidas arredondo pra cima.
Conto os minutos que pedalo, que passo no estacionamento do shopping para não pagar, as moedinhas, os minutos que coloco gelo nas lesões.
Já contei muitas calorias, mas dessas eu desisti, perdi as contas.
Agora conto as páginas escritas, as páginas que faltam, os dias que faltam para acabar de escrever minha tese. Devo dizer que não estou mal, tenho até setembro de 2012, mas acho que com dedicação posso acabar em janeiro 2012. Aí eu abrevio a agonia, embarco de volta a Barcelona e começo a contar os dias de voltar.
Fiz comunicação porque odeio matemática, mas infelizmente descubro a cada dia que ela nos persegue, se você como eu tem problema com números desliga esse computador e vai estudar tabuada.
Nos vemos, por aí!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Ai, ai eu tenho pressa. Eu tenho pressa à bessa...


Por que que a gente tem tanta pressa? levei 40 anos para adquirir o corpo amplo que me pertence, queria levar 4 dias pra me desfazer de parte dele. IMPOSSÏVEL! Eu sei!

Então, resolvi malhar seg a sex, mínimo 1:30h, controlar a boca, alternar musculação e aeróbicos, braço e peito – perna e bunda, capoeira e abdômen 2 vezes por semana. Fora a Bike que é meu meio de transporte.

Por que nosso corpo reage tão lento? Porque o corpo tem memória, e fica louco quando decidimos tirar ele da inércia. "O que? Tão querendo queimar minhas energias? Oxi e como fica meu estoque? Peraê, deixa eu me garantir e guardar essa gordurinha aqui". NO começo ele só pensa em guardar, guardar, guardar e guardar... Avarento! Pirangueiro do caraleow. Eu me rasgando pra perder e ele se esforçando pra manter. Briga de foice! Não dá pra dar uma paulada pra perder a memória? Mané memória, tem coisas que é melhor a gente nem lembrar... Mas ele lembra... Santo Alzheimer, orai por mim, e dai outra coisa pra essa memória se ocupar.

Detalhe, a memória só vai começar a se acostumar com a nova rotina depois de 3 meses, é isso aí, 3 meses de sacrifício pra esse corpicho preguiçoso entender que não somos mais a mesma pessoa. Eu sou uma, ativa, cheia de disposição, enquanto ele ficou parado há 3 meses atrás... Acorda pra Jesus, tô malhando! Vamos reconhecer meu esforço né?


Pronto, isso tudo pra dizer que há 15 dias iniciei “a busca do elo perdido” procurando além de relaxar os neurônios (porque ninguém merece enlouquecer de ansiedade se dedicando exclusivamente a uma tese), bem estar físico, resistência e porque não um corpinho gostosinho. Gostosinho, porque “modela”, nunca fui, não quero ser, e tá longe do meu ideal de corpo: Amplo, pra ter mais lugar pra disfrutar.


Balanço destes 15 dias. Nem um grama perdido, ou melhor, eliminado. Ganhei uma cinturinha de -3cm. Baixei minha pressão 11/7, diminui as unidades de insulina em quase 1/3, durmo melhor, tenho dores em todos os músculos, joelho direito na base do gelo e muita vontade de continuar essa jornada mesopotâmica...
Espero ter disciplina pra isso. Nos vemos por aí.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Quarentenando! tá já chegando...




E os quarenta? Ah os quarenta!
O que dizer dos quarenta?
Digo logo, hoje sou melhor do que quando tinha 20. Passei por muitas coisas, fortes emoções, grandes perdas, muitos encontros, desencontros...
Quem chega aos 40 se dá conta de que a vida não é tão curta assim, não é curta mas passa depressa. Sempre disse que fazer quarenta era chegar no meio do caminho. Entendendo que devo viver até 80 e agora começa a contagem regressiva, cheguei no cume da parábola de 3 pontos, o que vier além dos 80 é acréscimo do “Juiz” e tá valendo.
Quem chega lá (ou aqui) sabe o que é perder, o que é vencer, o bom da vida. Aprende a perdoar, a ouvir, a ser tolerante. Já perdeu amores, traiu, foi traída(o), se não foi é porque ainda não te contaram, mas fica firme, tua hora chega. Perdeu a cabeça, tomou todas, fez de jaca pantufas, provou, aprovou, reprovou. Sofreu, fez sofrer. Envergonhou alguém, se envergonhou de alguém. Falou mal dos amigos, contou segredos. Deu uma na praia, no elevador, na escada de serviço, no carro em movimento etc...etc... Amou intensamente, odiou momentaneamente, se entregou a quem queria e a quem não devia.
Quem vive 40 tem muitas histórias, aventuras, dramas, comédias, tragédias, suspenses, musicais, experimentais, cine-ensaios... Escreve livros, planta árvores, faz filhos, filhos... melhor fazê-los! E ensiná-los como não se faz. Porque como faz seguramente eles aprendem sem sua ajuda.
O melhor de tudo isso é que nunca, mesmo aos 40, nos damos por satisfeitos, queremos viver mais, amar mais, aprender mais, viajar mais, beber mais, foder mais... Se o corpo não é o mesmo dos 20, alimente a alma, ela será a mesma pro resto da vida e se você fizer direito, ela será melhor... Ria, dê bom dia, beije muiiiiiittoooo, perdoe, ame. Agradeça, ensine, abrace, respeite. Escute, reflita, pondere, chore. Queira com todas as suas forças, faça com todas sua capacidade, realize. Viva.
Passei pela vida de muitos de vocês, agradeço por existirem e fazerem a minha vida mais feliz. Se você já passou dos 40 parabéns, você é um vencedor(a), se ainda não chegou lá lembre-se a vida é só essa, é agora, vai tratar de viver! E independente de sua idade se você não fez nem metade tá esperando o que? Vai contar o que pros seus filhos e netos? Que teve uma vidinha UÓ.
Só digo uma coisa: na minha vida quem mai tira onda é eu! Tá ligado!
A gente se vê Por aí.

domingo, 24 de abril de 2011

Quem sou? Não sei...


Foi fraqueza? foi falta de franqueza? Foi o que?
O que foi?
Foi vontade? Foi desejo? Safadeza? Foi o que?
O que foi?
Covardia...
Dizer a verdade na lata dói, sempre dói, pra quem fala e pra quem ouve, mas e quem não fala? Quem esconde, omite, uma hora a verdade vem à tona, sufocada quase morta, sofre? Sente culpa? Dói mais ou dói menos? “a primeira vez dói, por isso não se esqueça, dói.”
E eu faço o que?
Não me desfaço do que tenho em meu peito, não posso, não quero.
Não apago da memória meu passado, não dá...
Mas e a mágoa? Serei capaz de apagar? De voltar a acreditar?
Serei capaz de perdoar?
Cortei os cabelos, mudei-me de quarto, mordi os meus braços, me esbofeteei...
E agora, quem sou? Não sei...
Estou na vida, estou nela, acostumada com a luta, aprendendo a jogar...
Agora me resta, enxugar as lágrimas e recomeçar. Vou me buscar, mais uma vez, dentro de mim.

quarta-feira, 30 de março de 2011

A saga por um espermograma e a Playboy da “mulher operada”


A pessoa acorda cedo, sai de casa nas carreiras pra ir ao laboratório fazer um espermograma que já deveria ter sido feito há meses. O laboratório, é longe, difícil de estacionar, decide ir de busão.
Normalmente levaria uns 50 minutos até chegar lá. Não tem erro, fica do lado do Hospital da Restauração. Pessoa prevenida pensa: será que vão me meter num quartinho com o potinho e querer que, né! Sei lá! Sem estímulo? Tenso.
Melhor descer na Boa Vista comprar uma revistinha pra ajudar na concentração. Era cedo... muito cedo... bancas de revistas fechadas. Anda toda a Boa Vista procurando uma banca aberta, encontra, a última, quase no Derby. Lá pergunta onde tem um “Merpe” Indicam no lado da Restauração, o bicho vai pro lado errado já quase na Real da Torre encontra um, só que lá não coleta, tem que ser na Agamenon. Volta tudo embaixo de sol quente. Chegando lá pega a ficha 70 o atendimento está no 40. Espera 30 fichas, e quando chega sua vez descobre que lá também não coleta. Sur- pre- sa! É em outra unidade.
Pessoa de jejum, debaixo de um sol de lascar o quengo continua a saga. Chegando no destino resolve se informar antes de esperar. É lá. Pega ficha 92, atendimento está na 70. Espera. Finalmente quando é chamado e levado pro quartinho descobre que foi bom ter sido previdente, não tinha nada pra facilitar a... Como direi... o... sei lá... Jogo de dados. Mas felizmente pessoa tinha sido previdente, tinha uma Playboy e pra sua SURPRESAAAAAAA! Na playboy só tinha fotos da “mulher operada” (ex-homem, ex-travesti, transexual, e finalmente, Mulher...) Foi a pior brochada de todos os tempos... fechou a revista e se concentrou na própria mão...

Essa é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes ou fatos reais, é mera coincidência. Por que né, eu sou uma pessoa bos e não queimo o filme de ninguém. Bêj

Nos vemos por aí.

terça-feira, 15 de março de 2011

De volta, em meio a livros, pimentas, tomates, salsinhas etc




Estou de volta, não sei bem por quanto tempo, mas quando sentir necessidade estarei aqui.

Por determinação do meu tutor e dos avaliadores da minha banca, esse blog volta a ser pessoal. Não acham prudente eu ficar divulgando meu trabalho antes da defesa final, afinal a humanidade está aí para se apoderar do nosso trabalho, nossas idéias, nossas fontes, e por ai vai. Portanto de agora em diante ele volta a ser o que sempre foi, mais um blog, possivelmente pouco acessado, mas seguramente querido pelos poucos seguidores. Isso tudo pra dizer que voltei.



Aconteceu de tudo na minha vida nesses últimos 3 anos, quem acompanha sabe. Eu também mudei muito, incrivelmente, isso é sério as vezes acho que não sou eu, mas sou. Não foi fácil, levei muita porrada da vida e ela bate sem pena em quem se atreve. E se tem uma coisa que eu sempre fiz foi me atrever, ponto.
Definitivamente não estou aqui de passagem, mas tive que aprender a lidar com as intempéries no decorrer do período, que ainda não acabou, ainda me falta um ano.
Aprendi a ser menos consumista, a não levar sacolas plásticas pra casa, a separar o lixo seco do orgânico, o que dá um trabalho do carai e no fim vai tudo pro mesmo destino, o caminhão que mistura tudo e seu trabalho foi por água a baixo, disso eu abri mão, no máximo separo as pets, porque vem uma cooperativa buscar. Tenho créditos de carbono, se alguém tiver interessado, estou vendendo. Para meus momentos de reflexão decidi fazer um jardim na minha varanda, nunca achei que poderia menos ainda que teria paciência para isso, mas o fato é que achei ótimo, lindo, é tão bom que agora tenho jardim e horta, o problema é que elas crescem e não tem mais espaço pra multiplicar as mudinhas. As mudas são realmente “mudas”, se são surdas eu não sei, mas costumo falar com elas, são ótimas companheiras e ajudam a controlar a ansiedade, o estresse, e melhoram o humor. Meu marido outro dia disse que nunca mais eu bati portas. E olhe que as portas daqui de casa sofriam barbaridade com minhas alterações de humor.


A horta também me trouxe um problema: Embuás, piolho de cobra, ou seja lá como se chame, tá infestada é uma praga, fazer o que? Google responde. Não tem veneno pra essa praga, das duas uma, ou você cata, que nem piolho, ou você cria seu predador natural: Galinhas. Agora fudeu, transformei a varanda numa selva e vou transformar a casa num galinheiro? A terceira opção seria acabar com as plantinhas mas isso está fora de questão. Sim as galinhas também estão fora de cogitação. Logo, vou virar catadora de piolhos de cobra. Num é lindo? Puro glamour.
Tá bom, vou mês despedindo por aqui que tenho muito o que fazer, a bibliografia está quase toda lida e decupada, só me falta inspiração pra retomar a escrita. De uma coisa eu tenho certeza, essa tese vai ser o grande trabalho da minha vida, minha melhor produção, depois do meu filho, claro.
Então é isso, ficamos por aqui. Nos vemos por aí.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Em tese, uma tese é uma tese. Tradução de Mário Prata da atual fase da minha vida.


Uma tese é uma tese

MARIO PRATA
Quarta-feira, 7 de outubro de 1998 CADERNO 2


Sabe tese, de faculdade? Aquela que defendem? Com unhas e dentes? É dessa tese que eu estou falando. Você deve conhecer pelo menos uma pessoa que já defendeu uma tese. Ou esteja defendendo. Sim, uma tese é defendida. Ela é feita para ser atacada pela banca, que são aquelas pessoas que gostam de botar banca.

As teses são todas maravilhosas. Em tese. Você acompanha uma pessoa meses, anos, séculos, defendendo uma tese. Palpitantes assuntos. Tem tese que não acaba nunca, que acompanha o elemento para a velhice. Tem até teses pós-morte.

O mais interessante na tese é que, quando nos contam, são maravilhosas, intrigantes. A gente fica curiosa, acompanha o sofrimento do autor, anos a fio. Aí ele publica, te dá uma cópia e é sempre - sempre - uma decepção. Em tese. Impossível ler uma tese de cabo a rabo.

São chatíssimas. É uma pena que as teses sejam escritas apenas para o julgamento da banca circunspecta, sisuda e compenetrada em si mesma. E nós?

Sim, porque os assuntos, já disse, são maravilhosos, cativantes, as pessoas são inteligentíssimas. Temas do arco-da-velha. Mas toda tese fica no rodapé da história. Pra que tanto sic e tanto apud? Sic me lembra o Pasquim e apud não parece candidato do PFL para vereador? Apud Neto.

Escrever uma tese é quase um voto de pobreza que a pessoa se autodecreta. O mundo pára, o dinheiro entra apertado, os filhos são abandonados, o marido que se vire. Estou acabando a tese. Essa frase significa que a pessoa vai sair do mundo. Não por alguns dias, mas anos. Tem gente que nunca mais volta.

E, depois de terminada a tese, tem a revisão da tese, depois tem a defesa da tese. E, depois da defesa, tem a publicação. E, é claro, intelectual que se preze, logo em seguida embarca noutra tese. São os profissionais, em tese. O pior é quando convidam a gente para assistir à defesa. Meu Deus, que sono. Não em tese, na prática mesmo.

Orientados e orientandos (que nomes atuais!) são unânimes em afirmar que toda tese tem de ser - tem de ser! - daquele jeito. É pra não entender, mesmo. Tem de ser formatada assim. Que na Sorbonne é assim, que em Coimbra também. Na Sorbonne, desde 1257. Em Coimbra, mais moderna, desde 1290. Em tese (e na prática) são 700 anos de muita tese e pouca prática.

Acho que, nas teses, tinha de ter uma norma em que, além da tese, o elemento teria de fazer também uma tesão (tese grande). Ou seja, uma versão para nós, pobres teóricos ignorantes que não votamos no Apud Neto.

Ou seja, o elemento (ou a elementa) passa a vida a estudar um assunto que nos interessa e nada. Pra quê? Pra virar mestre, doutor? E daí? Se ele estudou tanto aquilo, acho impossível que ele não queira que a gente saiba a que conclusões chegou. Mas jamais saberemos onde fica o bicho da goiaba quando não é tempo de goiaba. No bolso do Apud Neto?

Tem gente que vai para os Estados Unidos, para a Europa, para terminar a tese. Vão lá nas fontes. Descobrem maravilhas. E a gente não fica sabendo de nada. Só aqueles sisudos da banca. E o cara dá logo um dez com louvor. Louvor para quem? Que exaltação, que encômio é isso?

E tem mais: as bolsas para os que defendem as teses são uma pobreza. Tem viagens, compra de livros caros, horas na Internet da vida, separações, pensão para os filhos que a mulher levou embora. É, defender uma tese é mesmo um voto de pobreza, já diria São Francisco de Assis. Em tese.

Tenho um casal de amigos que há uns dez anos prepara suas teses. Cada um, uma. Dia desses a filha, de 10 anos, no café da manhã, ameaçou:

- Não vou mais estudar! Não vou mais na escola.

Os dois pararam - momentaneamente - de pensar nas teses.

- O quê? Pirou?

- Quero estudar mais, não. Olha vocês dois. Não fazem mais nada na vida. É só a tese, a tese, a tese. Não pode comprar bicicleta por causa da tese. A gente não pode ir para a praia por causa da tese. Tudo é pra quando acabar a tese. Até trocar o pano do sofá. Se eu estudar vou acabar numa tese. Quero estudar mais, não. Não me deixam nem mexer mais no computador. Vocês acham mesmo que eu vou deletar a tese de vocês?

Pensando bem, até que não é uma má idéia!

Quando é que alguém vai ter a prática idéia de escrever uma tese sobre a tese? Ou uma outra sobre a vida nos rodapés da história?

Acho que seria uma tesão.


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