sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Começar de novo. Meus últimos 4 anos e meus próximos 6 meses.


Os próximos 6 meses serão de transformação na minha vida. Estou no fim de uma etapa dura, mas profundamente compensadora. Após quase 4 anos estou nos últimos ajustes da minha tese doutoral.
Neste período passei por profundas transformações, físicas, emocionais, afetivas. Amadureci, envelheci, aprendi muitas coisas: a amar mais, tolerar mais, perdoar mais, a perder, a não ter, a lutar, perseverar, a nunca desistir. Aprendi a plantar, a colher, a me exercitar, a cuidar de mim. A me organizar, planejar, perseguir objetivos e metas. A conhecer o outro, observá-lo, intercambiar informações, pactuar e acima de tudo aceitar e respeitar as diferenças.
Mas como nem tudo é aprendizado, também sofrerei perdas, e como sou que nem peru, morro de véspera, já começo a inventariar minhas despedidas. Pessoas que conheci que de alguma maneira fizeram parte dessa trajetória e que já estou imaginando que uma vez acabada essa etapa, não nos veremos mais. Ainda bem que existe o Facebook para mantermos contato.

Setembro 2008, Sede da ONU, Calle San Daniel,4-3º1ª, Cerdanyola (Merdanyola, pros que pisaram em caca de cachorro como eu e 99% da população do pueblo), Jennifer y su Mamá (Peru), Gustavo(Dominicana), Lisa(Itália), Sultan(Turquia), Tufária(Moçambique), e outros tantos que de passagem deixaram seus rastros. Foi o ano mais duro, mas foi onde fiz bons amigos, pessoas queridas, aquelas que valem a pena, sabe? Na UNI: feliz Felipe Ugalde(Colômbia) tomamos todas. Ibiti(Brasil) tomamos quase todas e muitos outros mas essas não ficaram. Salamanca: Regina Clara(Brasil), Edurne(Bilbao), Letícia e Leo(Brasil) hoje são 3, ganhamos a Rafa de presente.


Abril 2009, Meridiana, 321-2º3ª, BCN. Viviana, esse presente eu ganhei ainda em Recife por telefone em 2003, mas só recebi em Barcelona no mesmo ano, vivemos um ano juntas, estudando, compartindo piso, viajando, causando transtorno a vizinha de baixo e torturando Annais (mas isso é uma outra história) . Passamos por muitas e boas, virou irmã caçula, porque né? Idade pra ser tua mãe eu não tenho. Mas desde 2003 temos participação ativa na vida uma da outra. Te amo!
Junho 2009, retorno para pesquisa em Recife. Kelvis Duran, Rodrigo Mel e Carlinha (Kitara) Nino Santos, Paulo Márcio, Michelle Melo(Forrozão Fetiche), Suingue do Amor, Lapada, Musa do Calypso, Chama do Brega, Labaredas, Só Brega...Muitos bailes de Brega, muitos, shows de Brega, mais de 120 questionário depois volto a Barcelona.

Setembro 2010, Carrera y Cândi, 31-1º3ª, BCN. No aeroporto, Vivi e Jose, deixei os dois morando juntos (acabam de se casar). Em casa, Edurne, outro presente, moramos juntas, fui ao País Basco conhecer sua linda família e seu lindo Abu(99). Felipe somos cuidadores um do outro (chegou bem? aplicou insulina?), Tufária e Yanick(não sei como escreve) nosso neguinho lindo, no meio da multidão encontro por acaso e revejo Jennifer y su Mamá, abraços de lembranças fortes de um tempo que não vai voltar. Lisa e Gustavo se foram. Ganhamos Yanuvis, cubana, figuraça. Primeiro dia lá em casa, coma alcoólico, chamamos o SAMU, a única certeza: era das nossas. No Trinunal, Nicolás Lorite, tutor, diretor de tese, corretor dos equívocos lingüísticos. Resultado: Sobresaliente. Qualificada!

Novembro 2010. Volto pra casa retomo a pesquisa, restavam as entrevistas em profundidade e escrever. Dedicação exclusiva. Sem bolsa de estudo, sem financiamento, sem trabalho, sem um pau pra dar num gato. Perrengue e dureza na ânsia de acabar. Por sorte existe um financiador que acreditou na causa e bancou. Ricardo meu marido e Rafael que também num período especial da sua vida, ano de vestibular, entrou no esquema franciscano. Sem luxo, sem supérfluo, juntando tudo até a última ponta para pagar as contas. Conseguimos. Estou acabando e voltarei em breve (fev-2012) a BCN para defender meu trabalho, ao qual me apeguei de um jeito que tenho pena de largá-lo. Gostaria de poder dar continuidade. Mas isso é outro capítulo, retomamos daqui 6 meses. Difícil mesmo vai ser me despedir das pessoas que posso nunca mais voltar a vê-las.

Comecei a arrumar minha mesa de trabalho, afinal só me faltam as correções, todo conteúdo já foi concluído, a tirar das malas as roupas de frio e lavar. A iniciar o projeto de volta. Quero retomar minha vida, vida normal. Trabalhar, pagar contas, tomar uma no finde com a família e os amigos. Viver!