sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Como destruir uma pesquisa de doutorado em 5 lições...



Fazer um doutorado é uma aventura das mais radicais a que o ser humano pode se dedicar, até por que não é adrenalina instantânea, que dá e passa, são quatro anos de adrenalina na veia, ansiedade em níveis sobrehumanos, estresses memoráveis, momentos de depressão profunda, vontade de matar e/ou morrer, sair correndo, gritando: _Que é? quer apanhar??? Não existe esporte radical que supere essa tensão.


Então vamos às lições de como não destruir sua pesquisa durante esse período (vale salientar que estou indo pro terceiro ano e ainda tenho tempo de descobrir novas possibilidades de botar tudo a perder)

Lição número 1 - Nunca, nunca, mas nunca mesmo, nem em questão de vida ou morte empreste seu equipamento de trabalho (notebook, PC, cÂmeras, pendrives, HDs e o que mais a tecnologia lhe proporcionar e seu bolso puder pagar) Eu emprestei meu notebook e ele foi pro espaço, não prestou para nada mais. PERDA TOTAL! Ainda bem que existe uma coisa chamada "back up", que acabou por salvar as informações da pesquisa.

Lição número 2 _ Back Up! Faça uma milhão deles, sempre, não confie nunca em um só. Cuidado com HDs Externos, alguns são uma bomba relógio, um dia de chuva, uma queda de energia, e PUF! vão pro espaço, e recuperar dados custa uma nota. Dinheiro que não tive, perdi 460 gigas de imagens, entrevistas, shows e uma infinidade de material pro documentário que pretendo fazer depois com a pesquisa. Ainda bem que havia transcrito as entrevistas, assim que não perdi conteúdo para a tese, mas as imagens, essas não tive fundos para recuperá-las.

Lição número 3 - Funcionamento da máquina, compatibilidade de programas e aplicativos. Comecei trabalhando no meu notebook, um Positivo safadinho, mas útil e único, depois que quebrou, e eu quase me mato, fui pro PC do meu filho, tudo compatível indo mil maravilhas até que pegou uma porra de um vírus dos infernos e foi pro espaço junto com o Positivo, se é que tem algo de positivo nisso. Fui pro Mac do meu marido, tive que aprender a lidar com esse bicho, ADOREIIII! mas não tinha aplicativos do office pra trabalhar gráficos. Baixamos, funcionou bem até duas semanas atrás, quando depois de um atualização do software corrompeu o aplicativo de gráficos e não posso mais acessá-los nem para fazer correções nos dados. FUDEU!!! Cupim de computador... Tentamos de tudo, não deu jeito, tomamos vergonha na cara e consertamos o PC do meu filho que há 4 longos meses estava no estaleiro. Funcionando perfeitamente me permitindo escrever para vcs e terminar minha tesina que tá já no final... Falta pouquinho, pouquinho...

Lição número 4 - Não deixe que o estresse tome conta de você, não se atreva a mal tratar as pessoas que te ajudam a passar por tudo isso, eles não merecem. Estão junto com você passando por tudo isso e de verdade não teriam nada com o pato, mas é imposssível deixá-los de fora. Um doutorado mexe com a família inteiro, ascendentes, descendentes até a sétima geração. Pior ainda se você não tem bolsa como é meu caso. Deixar de trabalhar e se sustentar, depender financeiramente de outras pessoas pesa. Mas quando essas pessoas acreditam em você, retribua, mostre pra elas que você as ama, que precisa delas por perto, mesmo que as vezes as queira matar. Beije muito e agradeça por elas proporcionarem esse momento para você. Um doutorado é para o resto da vida.

Lição número 5 - Se não tiver bolsa, nem ninguém que te ame tanto ao ponto de te sustentar todo esse período, apostando na sua capacidade, na sua força, no seu futuro. DESISTA!!! Não se faz um doutorado só com vontade, tem que ter dinheiro para sobreviver sem trabalhar, comprar livros, consertar computador, tem que ter condições técnicas, condições psicológicas pra aguentar pressão, condições intelectuais de levar uma pesquisa em frente, tem que ter CUNHÃO pra aguentar um monte de gente achando que neguinho é vagaba, passa o dia em casa, sentado na frente do computador... FAZENDO NADA!?!?!? Éhhhh porque você vai ouvir sempre alguém dizendo isso.


É isso! Vou ficando por aqui, seguindo os próximos passos. A gente se ver Por aí