sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Terceiro contato, consumidores 100% Brasil






Noite de quinta-feira, 18:30, hora do rush na Conde da Boa Vista, um pastor prega com mega fone na esquina, paradas de ônibus lotada de gente estressada querendo voltar para casa, rua 7 de setembro movimentada, pessoas largam do trabalho e voltam para casa.

Vendedores de DVDs piratas fazem promoções, 3 por R$10, shows, filmes e séries... carros de espetinho, pastéis, coxinha, milho cozido e amendoim, tem de tudo no “vuco-vuco’ do comercio informal.

Anoitece a casa abre: 100% Brasil show das bandas spartilho, 100%, e PP e Ourisamba, me apresento, peço para olhar o espaço,_ Sem Fotos! está vazio, garçons sentados, banda passando som, nenhum cliente entrou ainda, fico ali na frente esperando os primeiros freqüentadores. Pensei comigo: _ Não vai ser fácil, só devem vir homens casados, para pegar mulher solteiras. Ou me enganei ou as pessoas mentem bem, apesar de achar que estavam sendo sinceros, até pela idade dos freqüentadores, me pareciam dizer a verdade. E eu mais uma vez usei de preconceito e quebrei a cara.

Muitos homens, jovens, solteiros, recemsaídos do trabalho, buscando diversão, tomar algo, e se estiver muito fácil sair de lá acompanhados. As mulheres que entrevistei estavam acompanhadas, mas também haviam grupos de mulheres solteiras e sós. Os perfis são muitos parecidos com o anterior, no Clube Português cinco dias atrás.

São consumidores fiéis que gastam sempre mais de R$20,00 em cada saída “pro Brega”. O Brega deixou de ser adjetivo, virou substantivo. Brega não é só a roupa que se usa, nem a música que se ouve, nem uma maneira de se portar, Brega é o ambiente, é o local, as pessoas saem de suas casas, de seus trabalhos, de suas escolas para ir ao Brega.

Mais uma vez subestimei a quantidade de gente, achei que seria pouca gente e que não iam querer responder os questionários, mas em uma hora tinha entrevistados 10 pessoas, e não tinha mais questionários, ou seja, semana que vem volto lá, desta vez pra ficar mais tempo, entrar no clima e quem sabe arriscar uns passos.

Desta vez fui inclusive convidada a entrar e fazer companhia a um dos entrevistados, mas sabe como é? não se pode misturar a ciência com a diversão, apesar de me parecer impossível pesquisar o Brega e não se envolver intimamente com ele.

O que me deixa bastante surpresa é que as pessoas são receptivas a pesquisa, acham interessante serem pesquisados, é como se nunca tivessem sido questionadas e agora fazem parte de alguma estatística. Como se pela primeira vez o que é dito por eles será levado em conta.

Uma coisa é certa tenho que voltar lá, próxima quinta, com mais tempo pra ficar na observância...

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