sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Primeiro contato

Depois de alguns contatos telefônicos finalmente parto para o primeiro encontro com meu objeto de pesquisa, saio de casa de carro, ar condicionado ligado, ouvindo música no rádio, uma estação eclética, que executa músicas atuais, nacionais e internacionais de qualidade, aí pergunto o que seria música de qualidade? quais são os parâmetros para definir qualidade? A partir de hoje começo meu contato com o Brega meu objeto de investigação para a tese doutoral, mas não costumo ouvir Brega, nem tenho muita intimidade com este tipo de música. Começo aqui um grande desafio de aproximação, me distanciando de todo e qualquer preconceito e julgamento, sem muito juízo de valor.

Chego nas instalações da TV Nova Nordeste, Morro do peludo, Olinda, parece abandonada, nã tem porteiro, ninguém para dar informação, todos entram e saem do local livremente, faço uma ligação, sou recebida por uma ex-aluna que trabalha no local e igualmente sem me identificar entro... Conheço a produtora do Programa Tarde Legal, Dèbora, que em breve pretendo entrevistá-la, o apresentador Marcos Silva e sigo para o estúdio onde vão gravar o programa, um local extremamente pequeno, ali me familiarizo com o espaço e sigo para os camarins onde os "artistas" se organizam para entrar em cena.

São pessoas "normais" com roupas "normais" que chegaram lá de ônibus de linha, carregando suas "roupas de apresentar" em sacolas plásticas de supermercado, são quatro moças e um rapaz com idades entre 15 e 20 anos que fazem parte da banda Sabor do Calypso, baixa escolaridade, poucos sonhos e que cantam brega por que gostam, não dão uma maior relevância ao fato como "tanto faz". Elas ganham em méda 01 salário mínimo, cobram entre R$20 e R$35 por apresentação e gastam tudo com lazer, Alegam não ter havido nenhuma mudança econômica ou melhoria de vida com o Brega, ao mesmo tempo se não fosse o Brega estariam desempregadas e sem renda para o lazer. Não leem, não frequentam cinema nem teatro, se divertem na praia ou feirinhas de bairro, assistem uma média de 8 horas diárias de televisão, uma a duas horas de rádio quando estão fazendo "as coisas".

Não acreditam que Brega é cultura, ao mesmo tempo não sabem dizer o que seria cultura, talvez ler, ir ao cinema e ao teatro, coisas que não costumam fazer... Fazem uso de computadores e internet nas lan-house do bairro ( Águas Compridas) para bate-papo e orkut e costumam consumir produtos piratas como CD, DVD e roupas.

O rapaz tem uma cuida de uma pequena gráfica, cobra entre R$40 e R$60, somando show e gráfica recebe quase 3 salários mínimos, também diz que o dinheiro com o brega, que gasta com roupas e poupa alguma coisa quando sobra, não modificou sua vida nem da família, assiste muita tv, não lê, não vai ao cinema nem ao teatro, se diverte na igreja: é evangélico, usa computador no trabalho e em casa para pesquisas e downloads.

Entrevistei ainda a vocalista da Carta de Baralho, que diz não ser Brega, "_Fazemos forró!" mas tem a mesma temática do Brega... Solange se veste de cowgirl e usa um violão cor de rosa, tem 23 anos, casada, com ensino supeior incompleto em Marketing, ganha até 5 salários mínimos, sendo R$ 1000 fixos e R$ 150 por apresentação. Apesar disso dia que a música não mudou sua vida financeira, gasta seu dinheiro em roupas, produtoas de beleza e poupa o que sobra. No tempo livre faz ginástica, pinta e lê romances e livros técnicos de pintura, seu lazer é tv e praia, não vai ao cinema com frequência, vai ao teatro umas 06 vezes ao ano. Usa computador em casa para trabalho, faz uso de aparelhos eletrônicos de última geração e consome cd e dv piratas.

Na banda Kitara identifiquei meu primeiro entrevistado om que realizarei a entrevista em profundidade e a observação, o primeiro personagem do meu documentário. Rodrigo Mel è cantor, produtor e compositor e várias músicas de sucesso nas bandas de Brega e forró, inclusive sucesso nacional com "grandes bandas" do forró estilizado. Aos 31 anos ele é um exemplo de perseverança, há mais de 5 nos vem lutando para fazer sucesso com sua banda, e finalmente chegou seu momento. A banda faz em média 5 shows por semana, ele ganha mais de 5 salários mínimos entre apresentações e direitos autorais de suas composições. Deve ao Brega bos parte de suas conquistas em termos financeiros, tem apenas o segundo grau e investe o que ganha em roupas saúde, família, lazer, poupança, além de reinvestir parte na atualização da banda, figurino, instrumentos e novas tecnologias. Para se divertir assite filme e vai a praia. Assiste TV, lê pouco, ouve muita música de todos os gêneros, e não costuma frequentar cinema e teatro. Acredita no Brega como cultura por retratar musicalmente o comportamento da sociedade em que vivemos. Usa computador para pesquisa, downloads e negócios. Faz uso de novas tecnologias e também usa produtos piratas. Ele namora a vocalista da banda Carla Alves, 19, que ganha 2 salários cobra R$100 por apresentação, e sua vida melhorou muito quando entrou para a banda, acabou de contruir a casa onde vive com a família e melhorou sua alimentação além de fazer um plano de saúde privado. Tem mais ou menos os mesmos hábitos de seu nomorado, não vai mais ao cinema e ao teatro poruqe ele não acompanha. atualiza seu blog e faz pesquisa em lan-houses perto de sua casa, também faz uso de produtos piratas, cd e dvd.

Aqui descobri por onde darei meus próximos passos, onde vou perseguir o Brega.
E um vasto e rico campo de atuação, sábado estarei no 1º grande encontro de Brega no Clube Português para entrevistar consumidores e fotografar o ambiente.

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