Um lugar de reflexões, ficções, fixações, pós-verdades, e um bocado de imaginação. Desde agosto de 2008 como caderno de notas do doutorado, e depois disso passou a contar minha história vivida, este espaço guarda meus recuerdos pois não me desfaço das pessoas, nem de nossas histórias, seguimos caminhos distintos, mas a vida deixa rastros... Seguirei escrevendo novas histórias. Com liberdade e muito amor que é o que importa. Bem vindos!
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Banda Kitara
Casa Caiada, Olinda, esquecida em frente a um supermercado, entrevista marcada para as duas da tarde, faltavam dez pras três e nada de ninguém aparecer... e o pior o número do telefone não estava na memória do celular, Pronto! Viagem perdida. Mas nada estava perdido, se por acaso houvesse uma lan-house por perto, por sorte havia, tenho o contato no e-mail. Finalmente consegui fazer contato, o relógio de parede atrasado marcava uma hora menos e meu entrevistado estava em casa.
A casa humilde, rua sem asfalto, portão de ferro que dá direto pra rua, na parte da frente do lado esquerdo uma pequena lan-house com cinco computadores, todos ocupados por várias crianças. Do lado direito a porta do pequeno estúdio, na frente um pôster da Banda Kitara, dentro praticamente nada, metade dos equipamentos pertence ao técnico de som que trabalha em vários desses estúdios improvisados. Alguns tripés de microfones, uma parede coberta de espuma, calor...
Me apresento, falo da pesquisa, eles logo perguntam: “_Porque tanta gente fazendo filmes sobre o Brega?”. Já são três, uns meninos de faculdade (meus alunos) fazendo sobre o Brega na classe média, Outro sobre o Conde, e agora esse... Bem esclareço que esse não é propriamente um filme, pelo menos ainda não. È uma pesquisa de doutorado, que possivelmente eu transforme em um documentário, e que é um período de observação nas práticas produtivas e de consumo nos contextos populares onde o Brega está inserido, que vou persegui-los toda a semana, entrevistas, ensaios, shows que cada momento será filmado e tudo será relatado neste caderno de notas.
Monto meus equipamentos, posiciono as luzes, as cadeiras, os entrevistados e um guri, Davi, faz questão de ficar pra ver o que ia acontecer, e aconteceu, esse menino não se aquietou um segundo, pinotou, pateou pelo pequeno estúdio até que conseguiu seu objetivo: meteu a mão na câmera e teve que ser retirado do recinto.
Recomeçamos.
São dois amigos, há vinte anos iniciaram a fazer violão clássico por meio de uma bolsa recebida por ambos, fizeram o primeiro ano depois teriam que pagar e desistiram, não tinham condições, mas queriam permanecer fazendo música. Entraram para uma banda de forró, Forró do Litoral. Vida dura, a época R$ 30,00 por show, muito trabalho e pouca recompensa. Logo pensaram: Vamos botar nossa banda e ser nós mesmos o nosso empresário. Assim o fizeram. São quase 10 anos na peleja e só agora a banda se paga, mas segundo eles: “_ A banda se paga, mas ainda não nos paga.”, tudo que entra é reinvestido em equipamentos, figurino, músicos e bailarinos. São pelo menos 20 pessoas envolvidas na produção, vinte empregos diretos, mais todo um mercado informal em torno deles. Os donos de casas noturnas que promovem shows e que empregam uma média de 50 pessoas por noite, os ambulantes que vendem seus produtos em frente a essas casas, os ambulantes que vendem produtos piratas com suas músicas, as cabeleireiras que fazem unha e escova nas bailarinas e nas vocalistas, as costureiras que se encarregam dos figurinos. Um mercado informal, que não entra em nenhuma estatística oficial, mas que tira muita gente da pobreza e que movimento economicamente as periferias do Recife e Região Metropolitana.
Eles são seus próprios empresários, músicos, compositores e estrategistas. No inicio gravavam 20 CDs e saiam de porta em porta, de rádio em rádio, apenas transferindo as músicas para os playlists das rádios, por não terem condições de deixarem os discos, repassavam nas rádios comunitárias para os DJs reproduzirem, levavam aos pirateiros para fazer cópias, tocar e vender em seus carrinhos nas ruas. Hoje dizem: “_ As rádios comerciais nem pagando eles tocam nossas músicas.” Músicas essas que fazem sucesso nacionalmente em outras bandas, e que hoje eles não recebem praticamente nada de direitos autorais, só direitos de execução, elas são apenas repassadas para outras banda, não se cobra por esse repasse, eles acham que o mais importante nesse momento é a divulgação do seu trabalho. Ai eu pergunto: Como vivem? Dá pra ser independente?
Apressam-se em dizer que sim. Muito embora em moradias humildes com muita gente dividindo o mesmo teto. Elvis mora com a família inteira, mãe que não estudou, não trabalha, não tem pensão, mais dois irmão que também não tinham empregos e alguns sobrinhos, ele sustenta todos, e para os irmãos montou uma lan-house dentro de casa, e outro se tornou divulgador das bandas.
Rodrigo hoje mora só, num apartamento pequeno perto dali, se sustenta e continua sustentando a casa da família. Seu maior orgulho é ter formado um irmão em medicina. “_Dei condições dele ir estudar, por que eu optei por não seguir os estudos, mas ele queria e isso foi muito importante para nossa família. Agora espero poder respirar um pouco, por que vamos dividir as contas, né? Ta na hora de retribuir...” Segundo eles foi muito importante ver a formatura dele a emoção da família e de ver todos aqueles médicos se formando ao som da banda Kitara. “_ Chegamos lá!”
Eles são exemplos de muita luta contra o preconceito, e de acreditar num sonho possível de “dar certo”. Hoje em suas precariedades o único motivo de reclamação é a falta de apoio do governo e das leis de incentivo, é como se fossem invisíveis e que o que fazem não é cultura, “_ A gente não quer brigar, nem tirar nada de ninguém, queremos apenas a oportunidade de ser reconhecidos e poder ser visto pelo governo como cultura. Por que se fizerem uma pesquisa vão ver que o povo gosta de Brega e que considera o Brega uma cultura.”
“_O artista de Brega não é externo ao povo, ele faz parte daquele povo, ele é o povo que deu certo, é admirado por ter conseguido chegar lá”. (Elvis Pires)
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5 comentários:
oi banda kitara sou muita fã de vcs adoro carlinha e rodrigo mell bjsssss e muito sucessos pra vcss eu sou estefany de maracaipe vcs viero pra cantar aque eu adorei até tirei fotos de vcs e fui tbm la pra tras tirar foto mas so tirei com carlinha pq rodrigo mell nao estava no camarin ja tava em cima do palco mas foi show adorei foi maravilho a voz de carlinha é sensacional adorei carlinha bjssssssss pra carlinha e rodrigo mell e pra banda kitara toda bjssssss meu email do orkut é=estefanymarques1@gmail.com e tbm tenho outro=estefanymarques2@hotmail.comemsn=esthefany_maraca@hotmail.com se auguem quer falar com mingo da banda ok bjsssssss
eu adoro carlinha d+++++++ eu até falo com ela pelo mmsn e vih ela pela web quase eu chorava quase nao eu chorei um pouco mas chorei pq eu fiquei nervosa logo bjsssss pra carlinha,rodrigo mell e elvis pires que foi ele que deu meu msn pra carlinha mim add beijao elvis fica com deus todos vcs da banda kitara!!!!!!!!♥♥♥
oi carlinha sou sua fã de coraçao bjssssssss amore te amo de verdade
oi sou super fã da banda kitara adoro d+++++++++++ bjsssssssssssssss e fiquem com deus
meu msn=esthefany_maraca@hotmail.com
e orkut=estefanymarques1@gmail.com
meu outro orkut=estefanymarques2@hotmail.com
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