Segundo contato
Primeiro grande encontro do Brega, um espetáculo grandioso com quinze bandas para se apresentar, ingresso R$10,00 preço superpopular, expectativa de público 5.000 pessoas, e eu estava lá apreciando o movimento e fazendo meus questionários com o público alvo.
Resolvi buscar informações direto da fonte, no foco do consumo por que algumas vezes as pessoas não admitem que consomem Brega e por vezes até demonstram algum tipo de preconceito com o ritmo, e como meu foco são os usuários e não os críticos fui direto ao ponto.
Início da noite cheguei pouco antes das 20:00, no local apenas vendedores ambulantes de cerveja e espetinho achei um tanto vazio, pouco movimento, talvez não lotasse como se esperava, o movimento na bilheteria era raro, pensei comigo: _Hi! não vai dar ninguém, comecei a fazer os questionários, algumas pessoas estavam com pressa por iam encontrar amigos e não quiseram responder, outra ficaram curiosas e até chamaram outras, depois do quinto descobri com meu entrevistado que estava no local errado, estava na porta de fundo do Clube, que a entrada era do outro lado e por isso não havia quase ninguém ali. _ Ufa! Que bom! Achei que não teria gente suficiente...
Ao chegar do outro lado qual não é minha surpresa ao ver a quantidade de gente, a avenida está fechada para carros e o povo toma conta de um lado a outro. Tem gente de todas as cores, classes, e lugares que se possa imaginar, a maioria deles com uma latinha de cerveja na mão, fazendo o “esquenta” com eles dizem. Curioso é também notar a variação de idade, os mais jovens buscando companhia, os mais velhos dançar e se divertir, o gosto pelo ritmo vem de berço, seus pais já ouviam o brega e como é um ritmo dançante no qual se dança aos pares fica mais fácil de se aproximar das pessoas e quem sabe até “dar uns beijinhos”.
Ali, todos juntos e misturados não se sabe muito bem diferenciar quem é pobre, quem é menos pobre, quem tem algum dinheiro, são mais ou menos todos iguais. Usam roupas, sapatos e bonés aparentemente de marcas, mas muitos confessam nos questionários que são produtos piratas. A abordagem não foi tão difícil como eu pensei que seria, as pessoas foram receptivas e curiosas sobre a pesquisa, pena que não houve muito tempo para apreciar o movimento e entrar no clima de festa, estava fazendo os questionários só e tinha que render a noite, afinal pesquisa quantitativa requer produtividade. Mas já decidi, das próximas vezes vou mais devagar para poder apreciar e observar com mais atenção.
Eles são diferentes entre si, de bairros, profissões e nível de escolaridade diferentes, mas tem hábitos iguais, se divertem em bares, praia e bailes, não tem hábito de ler, raramente vão ao cinema, nunca vão ao teatro, assistem muita televisão, alguns ouvem rádio o dia inteiro, outros só algumas horas, mas todos ouvem, ganham entre 1 e 3 salários mínimos, muitos usam computadores/internet em lan-houses para bate-papo e estudo, e a imensa maioria quando vai aos bailes gastam mais de R$ 20 na noite, alguns além de gastarem no baile gastam com a preparação: Uma roupa nova, ir no salão fazer unhas e cabelo etc. outra quase unanimidade é o consumo de produtos piratas, CDs e DVDs são campeões de consumo, mas roupas e acessórios piratas podem ser vistos em muitos dos freqüentadores, muito embora não os tenha entrevistados a todos mas é visível o número de camisas e tênis de origem duvidosa.
O certo é que no início achei que a festa poderia fracassar, ter pouca gente, e ao final pude perceber como o Brega mobiliza as pessoas e como elas se deslocam de seus bairros, não importa a distância, para se divertirem cada um a sua maneira mas todos embalados pelo mesmo ritmo.
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