O Brega e os moralistas de plantão.
Aí vocês podem me perguntar: AINDA?
E eu respondo: Pois é, AINDA!
Quando comecei a estudar o Brega a primeira coisa que tive de enfrentar foi meu próprio preconceito. É, eu tive muito preconceito quanto ao tema, mas justamente pelo desafio que seria me aproximar de uma coisa que me causava certa repulsa assumi e encarei o desafio de peito aberto. Algo me dizia que o movimento era muito mais que música, era muito mais que o julgamento careta, preconceituoso e conservador dos letrados queria me fazer crer que era. Acertei em cheio.
http://www.youtube.com/watch?v=JA-nkYw62pA
O Brega na periferia de Recife é representação cultural, é identidade, é conceito, é troca simbólica, é simbiose. Os artistas são do povo, e o povo igualmente quer ser artista. E por que não? Por que a sociedade letrada e “culta” acha que só pode ser artistas quem cultua os clássicos? Clássicos se compram em bancas de revista. Mozart era popular, se vivo fosse tocaria Brega. Esse pensamento retrógrado, classicista, ambíguo, dicotômico e equivocado entre o valor do “culto” e do “popular”, o “hegemônico” e o “subalterno” o “centro” e a “periferia” está ultrapassado. O centro está morto, e são as periferias do mundo que movem nossa cultura, com seus hibridismos, ecumenismos, não somos puros, e o último que tentou convencer disso ainda mantém seguidores (eca!), você se julga puro?Reveja seus conceitos. Vamos respeitar os gostos, dar vozes. Quem somos nós para julgar o que é BOM? Quem conceitua o que é BOM? A questão do gosto é muito mais ampla do que muita gente pensa. Todos tem o direito de se expressar, independente de que maneira o faça. Os cordelistas não raro fazem rimas sem concordância, os mestres de maracatu cantam suas loas e muitas vezes “engolem” o “s” dos plurais, estão eles fazendo uma cultura menor por causa disso? Claro que não! Mas se um MC do Brega o fizer, é assassinato a língua? Devemos impedir que essas pessoas saiam por aí destruindo a “moral e os bons costumes” de nossas famílias? Porra é essa? MORAL? Cada um tem a sua.
Se você também acredita que foi o Brega que fundou a putaria na música brasileira, fecha esse link e vai estudar. Procura saber o que é Lundu, Maxixe, a música popular dos primórdios que assim como o Samba também foi descriminado pela sociedade “culta” diria mais,“hipócrita” adoro essa palavra, serve para muitas coisas. Mais putaria do que o Rei cantando que vai “cavalgar por toda noite” Rita Lee pedindo “me deixa de quatro no ato” Kleiton e Kledir “revirando os olhos no tapete, suspirando em falsete” e outras tantas. É tudo música de cama. Tanto quanto “Essa noite eu vou ser toda sua, toda nua, toda nua”.
http://www.youtube.com/watch?v=DkPRzG6KflI
Quanto as novinhas o que dizer delas? Apologia ao estupro? Pirou?
Quem nunca teve 15 anos e era doidinha para dar o “priquito”? Eu tive, você teve, se não deu, melhor pros seus pais que não tiveram que criar um neto, novinha. Mas o mundo ta aí pra gente ver, cheio de novinhas dando adoidado. Eu cantei "Eu fui dar, mamãe", mas não dei (Bom, depois eu dei e tenho dado, com muito gosto, obrigada!). Tá fingindo que não é contigo? Tenha seus filhos e segure eles. Duvido! Tenha seus filhos e eduque eles ensine como não fazer menino. Porque fazer, não precisa ensinar, eles aprendem rapidinho.
http://www.youtube.com/watch?v=hCXtLY6r4Rc
A sociedade á pra todos, não é só para alguns, os que se julgam superiores e capazes de mudar o mundo com palavras bonitas. Não necessitamos tanto de palavras bonitas, necessitamos de aceitação, se não somos capazes de aceitar e respeitar o outro como ele é seremos "bestas", e nunca pessoas melhores, veja bem, “melhor” não quer dizer “superior”. Somos indivíduos, livres para elegermos o que quisermos, somos distintos e graças a essa distinção de valores, cultura, gostos, possibilidades o mundo é tão interessante, vamos ser menos intolerantes, vamos respeitar as diferenças, vamos julgar menos e não querer tirar o espaço do outro, o mundo é grande e diverso, as possibilidades são muitas, deixemos em paz o Brega, ele é na dele, anárquico, subversivo, presente, não gosta desliga. Vai ser feliz, por que com certeza eles tão nem aí. Estão sendo felizes.
Pronto, falei!
Vou ali anarquizar e ser feliz. Nos vemos Por Aí.